Em 1963, Max Hetzel saiu da Bulova e voltou para Suíça como Diretor de Pesquisa Aplicada do Laboratório Suíço para Pesquisas Relojoeiras (‘Laboratoire Suisse de Recherches Horlogère’, LSRH), em Neuchâtel. Ali, foi o responsável pelo desenvolvimento do Swissonic, a versão local do movimento diapasão.
Pronto em 1965 pelas mãos do Centro Eletrônico Relojoeiro (‘Centre Électronique Horlogère’, o famoso CEH), o Swissonic tinha um desenho bem diferente do Accutron, a fim de se evitar a infração da patente da Bulova, porém, ainda assim a empresa conseguiu bloquear a produção do movimento, que jamais foi comercializado (apenas três unidades produzidas).
Swissonic 100:
Freqüência: | 480 Hz |
Precisão: | +/- 1,5 segundos/dia |
Dentes da engrenagem motora: | 200 |
Diâmetro da engrenagem motora: | 1,5 mm |
Em novembro de 1968, a Bulova e a Ébauches SA. firmaram um acordo de licenciamento permitindo que esta produzisse movimentos utilizando a tecnologia diapasão. Nestas bases, em menos de um ano o projeto do “Mosaba” (‘Montre sans balancier’, “Relógio sem balanço”) estava concluído. Em 1969, o ESA 9162 foi lançado comercialmente, sendo um sucesso estrondoso de vendas.
O movimento da Ébauches SA. é o ápice tecnológico dos movimentos diapasão em termos de qualidade de construção, robustez e precisão. Seu principal diferencial é a presença de dois pequenos microreguladores na base do diapasão, que são utilizados para compensação do elemento ressonador. Isto possibilita que o movimento seja imediatamente regulado para uso tanto com as antigas baterias de mercúrio, de 1,35 V, quanto para as novas de óxido de prata, de 1,55 V. Permite também o ajuste da distância entre as pontas da forquilha, a fim de compensar o efeito da idade sobre o magneto permanente.
Outro destaque é sua construção modular: o primeiro módulo, chamado “módulo do mecanismo”, contém a platina principal, mecanismo de data, minuteria e as engrenagens de redução restantes. O segundo módulo, chamado “módulo do oscilador”, contém a ponte traseira, diapasão, circuitos eletrônicos, engrenagem motora e primeira engrenagem de redução.
Em 1970, a ESA encomendou secretamente à Dubois Dépraz SA. um módulo cronógrafo para ser utilizado no calibre ESA 9162. O novo calibre, lançado em 1972, foi denominado ESA 9210: o primeiro e único cronógrafo diapasão produzido!
ESA 9162:
Introdução: | 1969 |
Diâmetro: | 29,00 mm |
Espessura: | 4,85 mm |
Rubis: | 12 |
Freqüência: | 300 Hz |
Alimentação: | 1,35 V ou 1,55 V |
Variantes: | 9162 (com data, 1969) |
ESA 9210:
Introdução: | 1972 |
Diâmetro: | 30,40 mm |
Espessura: | 7,95 mm |
Rubis: | 12 |
Freqüência: | 300 Hz |
Alimentação: | 1,35 V ou 1,55 V |
Variantes: | Este calibre foi utilizado por Baume & Mercier (calibre 19210), Certina (calibre 749), Derby, Longines (calibre 749.2) e Omega (calibre 1255). |
Observações: | O módulo do cronógrafo foi construído exclusivamente em cima da variação ESA 9164 do Mosaba. A disposição dos acumuladores e segundeiro é a mesma do ETA 7750. A produção total foi de 21.000 unidades. |
A Omega SA. teve um especial interesse na tecnologia diapasão, sendo a maior fabricante suíça de relógios com este sistema. Seus Electronic f300 Hz, a maioria certificada como cronômetro, são os modelos mais comuns de serem encontrados no Brasil com esta tecnologia, mais até que os próprios Accutron.
Tamanho interesse motivou a empresa a desenvolver seu próprio movimento: o Omega Megasonic.
Com a colaboração do próprio Max Hetzel, a Omega lançou os modelos Megasonic em 1973, sob as linhas Constellation e Seamaster.
Composta dos calibres 1220, com data, e 1230, com dia e data, os Megasonic eram completamente diferentes de tudo o que já havia sido lançado em termos de diapasão: primeiro, a freqüência subiu para incríveis 720 Hz; segundo, o diapasão, assimétrico, possuía apenas uma extremidade móvel, sendo a outra fixa na platina; terceiro, e mais radical, foi introduzido um micromotor magnético, no que seria o primeiro passo em direção aos micromotores utilizados posteriormente nos relógios quartzo.
Em razão da velocidade de ressonância do diapasão (720 vezes por segundo!), haveria um desgaste muito prematuro dos componentes caso a transmissão do movimento se desse mecanicamente. A solução foi o uso de um micromotor que se acopla magneticamente às engrenagens redutoras, com desgaste zero entre estes componentes mais sensíveis.
Este micromotor, apelidado por Hetzel de ‘La souris’ (“O camundongo”, em francês), é uma característica única deste movimento: trata-se de um pequeno compartimento de cobre selado hermeticamente, com interior preenchido em óleo. Dentro, há uma minúscula engrenagem motora, com apenas 1,2 mm de diâmetro e imãs polarizados em sua circunferência, flanqueada por duas palhetas com rubis; uma de cada lado.
Fixado na extremidade móvel da forquilha, o micromotor vibra com o movimento do diapasão, fazendo com que a engrenagem motora sacoleje ali dentro. Nesse sacudir, a engrenagem se apóia nas mencionadas palhetas, induzindo assim seu movimento, que é transmitido magneticamente às engrenagens redutoras, que a partir daí dão vida ao relógio.
Omega 1220:
Introdução: | 1973 |
Diâmetro: | 29,00 mm |
Espessura: | 5,00 mm |
Rubis: | 15 |
Freqüência: | 720 Hz |
Alimentação: | 1,35 V |
Variantes: | 1220 (com data, 1973) |
Observações: | A produção total, incluído ambas as variantes, foi de 43.000 unidades. |
O zumbido do diapasão
O Accutron na prática
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A investida suíça
Inevitável fenecimento
Fatos e curiosidades interessantes
Bibliografia
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